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Em cinco dias, nove pacientes morreram à espera de leitos em Santa Maria

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

Matéria atualizada em 12 de março, às 18h.

A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 horas de Santa Maria, enfrenta o seu pior momento desde o começo da pandemia. De acordo com a direção da unidade, na sexta-feira, as equipes operaram no limite da capacidade, com 100% de ocupação. Todos os 11 leitos clínicos Covid-19 disponíveis estavam ocupados - quatro estavam em ventilação mecânica.

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Para dar conta de atender a alta demanda das últimas semanas, a UPA transformou a sala de nebulização em uma sala de atendimento para pacientes Covid-19 de média complexidade, que necessitam do uso do oxigênio - quando esgota a lotação dos leitos disponíveis, os casos menos graves estão sendo colocados nesta sala de nebulização, que tem cinco poltronas e chega a receber o dobro da capacidade em cadeiras até que seja liberado o leito na sala de observação. Até o começo desta tarde, seis pacientes com a confirmação da doença aguardavam por leitos em hospitais no local. 

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A administradora da UPA, Manuela Trevisan, conta que no plantão desta madrugada, a sala de nebulização chegou a ter 11 pacientes ao mesmo tempo. Além disso, a UPA conta com outros quatro leitos não Covid, que estão com 50% de ocupação nesta tarde.

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Conforme a diretora da unidade, a irmã Liliane Pereira, desde segunda-feira, nove pacientes morreram na UPA com suspeita ou confirmação de Covid-19, quatro entre a madrugada e o meio-dia desta sexta-feira. Outros quatro óbitos foram registrados na última quarta-feira.

- É o pior momento da UPA na pandemia. A gente está vivendo mais do que um dia de cada vez, uma hora por vez. Tem sido bem complicado. Temos trabalhado com uma crescente nas internações. Os pacientes intubados são de alta complexidade, que requer manejo de UTI. O cenário é bem complexo - comenta.

De segunda-feira até o final da manhã desta sexta, a UPA realizou 1.586 atendimentos, uma média de 317 por dia. Conforme a irmã Liliane, os pacientes têm chegado até a unidade já em situações mais graves e, por conta da alta taxa de ocupação também em hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, o tempo de permanência na UPA tem sido mais alto.

- Hoje a gente tem uma média de permanência preocupante, de três a quatro dias aguardando leitos em hospitais. Os intubados estão aguardando leitos de UTI. E se a gente vai olhar para a região, não temos esses leitos. Hoje, graças a Deus, eu tenho uma equipe que pega junto, trabalha muito, mas todo mundo está cansado. Eles estão todos os dias dando mais do que poderiam dar. Esse é o cenário que a gente tem. A gente chega a um momento bastante exaustivo - desabafa a diretora da UPA.

A UPA tem funcionado com uma equipe que conta com médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, profissionais da área da limpeza e nutrição, além do incremento de um profissional de fisioterapia, em razão do tempo médio de permanência de pacientes, que aumentou.

- É um tempo em que a gente precisa se dar conta do quanto as pessoas que estão trabalhando se entregaram, da melhor maneira possível, de corpo e alma, para dar conta de mostrar a que nós viemos. Talvez nós não tenhamos tido ainda um tempo tão intenso como esse, em que mostrar para nós mesmos a razão que fez com a gente se tornasse um profissional de saúde, e agora está na hora. E agora é só por Deus. Eu me emociono, porque é um tempo muito complexo, e eu tenho pessoas ali dentro, são humanos. São pessoas que estão dando tudo o que podem dar - complementa.

TENDA

Para garantir mais segurança aos pacientes com suspeita de Covid-19 que chegam até a UPA, foi instalado um novo sistema de triagem no local. Uma tenda na área externa do prédio já está montada E a previsão é de que a estrutura fique ali por três meses, podendo haver prorrogação.

O objetivo é separar os pacientes com suspeita de Covid-19 das demais pessoas que procuram a UPA. Quem tiver sintomas, será direcionado para a recepção. Os demais aguardarão atendimento na tenda.

CASA DE SAÚDE 

Diante desse cenário complicado, o Hospital Casa de Saúde, que também é administrado pela Sefas, aumentou de 11 para 14 leitos clínicos para tratamento de Covid. No começo da tarde de sexta-feira, haviam nove leitos ocupados. A Casa de Saúde integra a rede pública de saúde e presta atendimento 100% SUS, em decorrência do aumento de casos, o hospital não descarta a possibilidade da abertura de ainda mais leitos, caso seja necessário. A estrutura para internação de casos Covid foi montada no ano passado, mas só passou a funcionar neste mês em decorrência do aumento da demanda de casos na cidade.

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